domingo, 25 de novembro de 2012

SABEDORIA DE JARDINEIRO




Era uma vez um sábio que procurava o segredo para ser bom e feliz, e para ajudar as pessoas a serem boas e felizes, também. Nunca se soube seu nome. Sabe-se que nasceu e cresceu dentro dos muros de um castelo longínquo, andando sobre chão de pedras. Terra apenas no canteiro central, coberto de grama, com o aviso “Não pise na grama”.
Desde que aprendeu a andar o grande desejo do sábio era andar sobre a grama e tocar a terra. Aos doze anos tornou-se jardineiro. A cada dia descobria novas técnicas para usar a tesoura e o aparador de grama, para cuidar ainda melhor o jardim gramado e dar alegria às pessoas, trabalhando com amor e criatividade.
Depois de três décadas o sábio jardineiro deixou pela primeira vez os muros do castelo e foi embora. Queria achar outros jardins para dedicar seus cuidados e outras pessoas a quem pudesse dar alegria com seu trabalho. Depois de transpor uma área deserta, na qual só se via terra e mais nada, deparou-se com algo que o deixou surpreso. Muitas casas, separadas entre si por vastos espaços cheios de muito verde. Jamais vira nada igual.
Estranhou, porém, os jardins daquelas casas. Transmitiam uma sensação agradável, mas algo parecia fora de lugar. além da grama, cortada ou não, havia uma infinidade de outras plantas, as quais pareciam abandonadas à própria sorte. Algumas rasteiras, outras baixas e outras altas. chegando a esconder parte da fachada das residências. Suspeitou que esse povo não tinha jardineiro para manter as plantas aparadas, e que ele tinha muito a fazer. Os jardins e as pessoas daquele lugar precisavam de seus serviços. Decidiu que ajudaria as pessoas a colocar seus jardins em ordem.
Na primeira casa em que se apresentou como jardineiro foi aceito, prontamente.
- O senhor é um homem que tem a bondade estampada em seu rosto e inspira confiança no olhar. Fique com a chave, sinta-se em casa e pode tomar conta do jardim. Nós estamos de saída, voltaremos em uma semana.
Foi uma semana dura. Começou pelos arbustos, aparando os mais finos com a tesoura de cortar grama e arrancando os que não conseguia cortar. Alguns, com espinhos, machucaram suas mãos, mas ele continuou com alegria sua missão. Se livrou dos arbustos, depois aparou a grama e a vegetação menor, para que tudo ficasse como ele achava que devia ser. Ao final, estava feliz com o resultado e recebeu a família com um grande sorriso. Os jardins pareciam  perfeitos e a vista da casa estava livre.
O sábio não entendeu, porém, por que a família ficou tão chateada e o dispensou sem qualquer explicação. Triste e confuso, sentou-se numa praça e chorou. Enquanto chorava, sentiu que o frescor daquelas plantas grandes era mais suave que a sombra do castelo. Entendeu em sua humilde sabedoria que para ser jardineiro naquele mundo estranho, precisava descobrir a diferença entre a grama e aquelas plantas todas, a razão das pessoas deixarem-nas crescer e que tipo de cuidados devia dispensar a cada uma.
Descobriu que os arbustos espinhentos eram roseiras, os cipós das soleiras eram trepadeiras, e a árvore com bolinhas pretas no caule se chamava jabuticabeira, cujo fruto de raro sabor era muito apreciado. Ficou sabendo que as plantinhas baixas que cortou com a grama eram amores-perfeitos, violetas, heras, vinca de flores azuis, onze horas e outras tantas espécies que não morriam quando cortadas.
Depois de tudo, o jardineiro sentou-se no centro do jardim e chorou um choro de emoção e felicidade. Entendera o quanto é sublime e exigente a missão de jardineiro. Compreendera que cada planta tem sua própria identidade e exige cuidados específicos, em época certa e com ferramentas adequadas. Não  podia tratar a todas igualmente, nem apará-las da mesma forma. Aprendeu que a tesoura e o aparador de grama são recursos indispensáveis mas não servem para todas as situações. Aprendeu que cultivar é, antes de tudo, respeitar a identidade e as características de cada planta.
Depois de duas décadas de nova jardinagem, seus jardins passaram a ser visitados por pessoas que vinham de todos os cantos da terra. Um dia, observando aquelas pessoas todas em seus jardins, o sábio pensou: Um jardim é uma sociedade de plantas. Se meus cuidados funcionam com plantas, deve funcionar com pessoas.  Se posso ajudar as plantas a produzir felicidade, posso ajudar as pessoas a serem assim, também.  Movido por um profundo amor e por um desejo  incontrolável o sábio decidiu ser jardineiro de pessoas e começou o trabalho.
Duas semanas depois, lá estava ele na mesma praça de antigamente, desapontado e triste, perguntando-se: Se trato cada pessoa em sua singularidade, por que não reagem como eu desejaria? Por que não são como as roseiras que, podadas na hora certa, brotam, revigoram-se e se enchem de belas rosas? Por que não são como as trepadeiras que, ao serem conduzidas para um lado ou outro, cedem, obedecem e não exigem explicações?
Os primeiros raios do sol da manhã tocavam seu rosto. O canto sonoro dos pássaros entrava em seus ouvidos e tocava seu coração. Seu choro havia cessado e sua alma, apesar de inquieta, estava calma. De repente, um diálogo amoroso entre pai e filho interrompeu o silêncio:
- Filho, vem cá. Vamos comprar pipoca pra você.
- Obrigado, querido pai, estou sem vontade de comer pipoca. Estou com vontade de ir ao zoo ver as araras e os leopardos. O senhor me leva?

Ao ver pai e filho seguirem contentes, em direção oposta ao do carrinho de pipocas, o sábio foi tomado de súbita alegria e entendeu o que parece óbvio, mas nem sempre é percebido: diferente dos vegetais, as pessoas têm vontade própria e podem fazer escolhas. E o sábio iniciou, naquele começo de dia, uma nova jornada de descobertas e crescimento. Começou a ser jardineiro de pessoas.

domingo, 19 de agosto de 2012

INVASÃO DE ÁREA PÚBLICA EM BRASÍLIA

PÉSSIMO EXEMPLO EM BRASÍLIA
QE 28 - Guará II Brasília - 19/08/2012

Em Brasília, tanto no plano piloto como nos bairros, parece que invadir área pública é regra.


No Guará II, por exemplo, o terreno adquirido (com 200m²) pode quase triplicar se estiver na esquina, devido às cercas que caminham, invadindo mais e mais a área pública, reservada para área verde e circulação de pessoas.  

Nas fotos, uma mostra ilustrativa de tal prática. A cerca mais alta (marrom e protegida por cerca elétrica) já está uns 4 metros ou mais sobre a área pública. A mais baixa (verde) é o traçado para onde a cerca alta vai migrar em breve, privatizando a área pública disfarçada em jardim. 

QE 28 - Guará II Brasília - 19/08/2012








A calçada que devia ter uns 3 metros de largura, foi reduzida a 1 metro e, para cercear ainda mais o trânsito de pedestre, estaciona-se o carro sobre ela.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Unesul - atitude que merece elogio!

Costumo registrar minhas críticas e indignações em relação ao que não funciona. Hoje sou movido a registrar elogio à modernidade, eficiência e atitude de respeito da Unesul transportes. Comprei passagens via internet para acompanhar uma atividade no interior do RS. Por razões alheias,  a atividade foi cancelada. Precisei cancelar as passagens, o atendimento pelo 0800 foi imediato, a orientação muito precisa e a resposta foi muito rápida, sem qualquer burocracia ou ônus.
Parabéns, Unesul (www.unesul.com.br/) ...
Que vosso exemplo seja seguido!

sábado, 28 de abril de 2012

AVALIAÇÃO NA FORTIUM: PÉSSIMO EXEMPLO PARA A DEMOCRACIA

Pasmem!!! Parece mentira, mas aconteceu. Em pleno ano de 2012, no plano piloto da capital do Brasil, a Faculdade Fortium promoveu a seguinte cena, para a qual me faltam termos para classificar. Hilária? Medíocre? Hipócrita? Sem noção? Menosprezo à inteligência da classe acadêmica? Escárnio à democracia? Não sei... leia e tente tirar uma conclusão. Isso aconteceu no 1º semestre do curso de direito, dia 25 de abril de 2012 (e em todas as turmas da faculdade):
Professora - Vocês já ouviram falar no GPA? É o Grupo Permanente de Avaliação da faculdade, destinado a acompanhar e propor melhorias no processo educativo, em geral. Por isso é um grupo formado por representações de professores, profissionais de apoio e estudantes eleitos pelos seus pares. (mais ou menos isso).  Hoje vocês vão escolher o representante de vocês.
Estudante 1 - Professora, nós já escolhemos o representante de nossa turma.
Professora - Esse que vocês escolheram é o representante de turma. O que vocês vão eleger agora  é o que vai representar vocês e todos os estudantes no GPA. Tem 3 nomes aqui na cédula e vocês vão votar num deles apenas, marcando um X ao lado do nome. 
A professora, então, leu os nomes e o curso que cada um está fazendo: João das Couves, Siriguella Madinbú e Jubileski Tapafenski. Prá manter a sinceridade, os nomes que estavam escritos na cédula eu não lembro mas, creiam, para mim e para os demais estudantes da turma não fazia a menor diferença. Seria  a mesma coisa fossem aqueles nomes da cédula ou esses que acabei de escrever. Ninguém ali sequer ouviu falar que existia o tal grupo e nem que um "representante" seria escolhido. Por acaso uma das estudantes conhecia um dos nomes. No mais, era isso mesmo: loteria pura!!! Só que, nesse caso, quem ganhará não será o apostador, aliás o eleitor.
Cheguei a indagar sobre a seriedade do processo mas, foi só para confirmar o que todos ali já suspeitavam. 
Professora - Eu também não conheço essas pessoas, não sei dos critérios e nem da forma como chegaram até aqui. Apenas me pediram que fizesse a votação.
E olha que estávamos com o privilégio de ter na sala uma professora que ocupa cargo de coordenação nessa faculdade. A situação podia ser pior que isso??? Pode, meu velho! A galera votou. Sim votou sem saber qualquer coisa sobre os candidatos, suas origens, suas propostas e seus compromissos; votaram  exatamente como você o faria se votasse, agora, num dos três nomes que coloquei aí, para ser o seu representante no tal GPA. Será que GPA poderia no contexto ser sigla para Grupo de Patéticos Anônimos? 

Bom, eu, como não sou melhor que ninguém, também cumpri meu dever cívico para com a instituição e votei. Mas, fiz um voto por extenso: "VOTO EM TAYASHY HAYASHY!!". Ele não está na lista, dirão os dirigentes. Mas, para mim, o Tayashy Hayashy inspira mais confiança e seriedade que esse processo e, por extensão, esse tal grupo. A pergunta que surge é: A quem interessa essa farsa eleitoral e para que será utilizada? É o que pretendemos descobrir no andar da carruagem. Comissão de fiscalização e avaliação do MEC, vocês estão chegando. Se esse for um critério a ser analisado... considerem a hipótese de alguém estar tentando mascarar alguma coisa, confundindo eleição com loteria e estudante com idiota.

sábado, 7 de abril de 2012

TANAJA, A FORMIGA QUITANDEIRA

Foto: Edu Góis

Era uma vez na terra do Agoravai, um lugar muito, muito interessante, invejado pelos lugares vizinhos e cobiçado pelos povos longínquos. Nesse lugar Tanaja, a formiga escolhida, recebeu como herança uma pequena quitanda, a Quitanda do Distante, que ficava no formigueiro-mor, recebia encomendas por telefone e entregava em domicílio.
A quitanda era ainda nova, mas, tinha uma filosofia maravilhosa, com produtos de reconhecida qualidade e um vasto mercado consumidor à sua espera. Por ser diferenciada, tinha um grande potencial de desenvolvimento e clientes exclusivos.
Foto: Edu Góis
Havia um “porém” na Quitanda do Distante. Seus clientes moravam bastante espalhados, em vinte formigueiros ao redor de Agoravai. Havia três tipos de acesso viário aos distritos formigueiros: os difíceis, os muito difíceis e os quase impossíveis. Eram exatamente esses aspectos que davam o caráter de exclusividade dos clientes e tornavam o negócio da Quitanda do Distante algo tão interessante, diferenciado, necessário e potencialmente prodigioso.
O fundador da Quitanda, ciente disso, projetou uma estratégia para viabilizar o negócio. Estabeleceu um ponto de redistribuição em cada formigueiro de Agoravai e esses estabeleceram coordenadores de demanda e entrega em cada quadra. A ideia era bastante simples e compartilhada: o sistema funcionaria em rede na qual a Quitanda faria chegar os produtos aos distritos e esses entregariam aos consumidores, com apoio e cooperação dos coordenadores de quadra. O serviço de entrega aos distritos era feito por formigas operárias que prestavam serviços temporários, comandadas por uma formiga gerente com dedicação parcial ao negócio e monitoradas por aplicativos informatizados específicos .
Foto: Edu Góis
Quando a quitanda foi herdada por Tanaja havia em torno de 5 milhões de formigas clientes esperando ansiosamente o prometido serviço. A meta da quitanda era chegar inicialmente a 500 mil e estava conseguindo atender apenas 120 mil, 2,4% do mercado possível. Havia 97,6% dos clientes na expectativa de serem atendidos, ou seja, o negócio podia se tornar quase 50 vezes maior. A rede estava sendo estruturada e alguns problemas precisavam ser sanados: os atrasos na liberação dos pedidos pelo principal fornecedor da quitanda, a morosidade de alguns redistribuidores distritais e a instabilidade dos contratos com os entregadores.
Foi esse o maravilhoso presente que, numa bela manhã de sol, Tanaja recebeu. Ela que todas as noites sonhava com um "negócio da China", herdou uma quitanda e, agora, desesperada, mal pode dormir. Corre pelas ruas de Agoravai, à procura de respostas para sua pergunta: “Oh, céus, o que fazer com essa herança bendita?”
- Feche que é melhor! - aconselha a concorrente.
- Vende-a e dá o dinheiro aos pobres. - proclama a crente que profetiza na praça.
- Faça um planejamento, corrija as falhas e foque-se no cliente porque o mercado que você tem é uma oportunidade única. - argumenta a especialista em mercados dispersos.
- Deixe como está prá ver como é que fica. - ironizam os gozadores de plantão.
Foto: Edu Góis
E, assim, o tempo vai passando. Dos cinco mil entregadores, dois ou três mil estão sempre com contratos vencidos. Mil levam a vida no faz-de-conta e os outros se matam tentando dar conta de todas as linhas.  Entregadores com contratos encerrados demoram até meio ano para serem substituídos ou recontratados. Alguns distritos ficam abandonados, sem explicação e sem produto para honrar os compromissos com os clientes finais. Para outras linhas os produtos não chegam no prazo ou os pedidos chegam incompletos, quando não trocados. Os entregadores e gerentes tentam a todo custo serem ouvidos por Tanaja, porém, essa, toda dona de si, absorvida em descobrir o seu "negócio da China" continua percorrendo as ruas e, a cada volta, traz uma receita diferente.
E, lá vem Tanaja. Quem sabe, a solução.
- Formigal, uma grande ideia: alguém sugeriu que entreguemos a quitanda a um concorrente e todos viveremos felizes para sempre. 


E, agora, José?!. Toma que a quitanda é sua!,  e tire da história a moral que quiser. 

http://www.cristianecoppe.com.br/tenda3.htm  

sexta-feira, 6 de abril de 2012

AMOR À MULHER


Perguntam-me:  "Já amou uma mulher de verdade?" 
Respondo-me:  Além da minha mãe, amo todas as boas mulheres e das más procuro sempre ver se há algo que se possa aproveitar.
Simples, assim. (Ainda que, em torno da pergunta a mim dirigida, paire outra indagação: o que seria uma "mulher de verdade"?)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

9,909!!! Por que não 10??

Há alguns meses, no início de 2011, postei uma publicação sobre quanto me custou a distração de aparecer à fase final de uma seleção (entrevista) sem portar documento de identidade. Naquela ocasião, apesar do primeiro lugar na prova escrita e nota máxima na redação da prova discursiva, o preço da distração foi sumária e me custou a eliminação sem dó, nem piedade. 

Agora, a distração aliada à agonia para entregar a redação no prazo exigido, levou a que eu grafasse um errinho elementar; só "umzinho"! O suficiente para 0,91 ponto a menos... Exclusivamente por isso obtive nota 9,909 na prova discursiva do concurso   do TSE. 

Convenhamos, 0,91 ponto é um impacto bem menor que a eliminação de 2011 mas, um errinho perfeitamente evitável se eu tivesse mantido um milésimo a mais de atenção na hora de transcrever a redação do rascunho para a folha definitiva.

Às mestras e aos mestres, minha gratidão

Em minha vida, a gratidão é uma presença constante, ainda que silenciosa e contida, na maioria das vezes. Porém, há momentos em que torna-se impossível conter. O atual é um desses. Nos instantes anteriores à consulta do resultado, fiz meus agradecimentos a Deus, pela prodigiosa e ilimitada ação dele em minha vida. Lembrei de minha minha mãe, dos meus irmãos, das minhas irmãs, sobrinhos, sobrinhas, cunhados e cunhadas... lembrei de todas as pessoas que me incentivaram e incentivam... lembrei de todas as pessoas que conhecem, reconhecem e valorizam o trabalho que faço, seja na área pública ou na área privada...

Ao verificar a nota da prova o sentimento de gratidão aumentou e incluiu de modo muito especial mestres educadoras(es) que passaram pela minha vida. Minha mãe Clarinda (que me alfabetizou em casa, antes da idade de eu ir para a escola), Nilce Brustolin (professora da 1ª série multisseriada), Helíria Piran (2ª série), Ana Maria Piaia (3ª série), Helena (4ª série), os inúmeros educadores e, especialmente, os mestres de língua portuguesa e literatura das séries finais do ensino fundamental (Carlito Francisco Both e Ema Maria Debiasi), e do ensino médio (Renato Luiz Caron). Embora não me tenha ministrado aulas, sou muito grato ao amigo e mestre D. Luiz Carlos, sempre atento e corretor de falhas de linguagem escrita ou oral.

Publicada a lista final de classificação dos candidatos aprovados no concurso, classificação em 70º colocação (de 3.300 e tantos), o que, certamente é pouco para ser chamado a assumir uma vaga. Não obstante, ter chegado até aqui já me permite um justo e merecido sentimento de vitória a qual dedico a todas as pessoas que fizeram e/ou fazem parte de minha vida. Aos mestres os meus sinceros agradecimentos: vocês são parte importante do meu "9,909" e da disciplina que me permite ser auto didata, podendo ter expectativa de sucesso em concursos difíceis, mesmo sem frequentar uma hora sequer de cursinhos preparatórios específicos.
OBRIGADO... MIL GRACIAS... MERCI... THANKS... (Só decorei isso, até agora. rsss)

domingo, 18 de março de 2012

MACHIAVEL, HOBBES E O ESTADO


Os fatores “época” e “território” (espaço geográfico) são imprescindíveis para que se compreenda a produção teórica e cultural de determinado período histórico. Em partes, é isso que permite estabelecer semelhanças e diferenças entre Machiavel e Hobbes, que viveram no que temos hoje como Itália e Reino Unido, respectivamente. Embora ambos tracem teorias sobre a organização do Estado, cada um tem suas particularidades. Em comum, o fato de ambos terem vivido em períodos muito conturbados da história.

Niccolò MachiavelliFlorença, 3/5/1469 —  21/6/1527) 
Machiavel, depois de ter vivido a glória de um alto cargo político, viu a ruína daquele governo e na dureza do exílio, passou a escrever sobre o Estado de modo totalmente realista, sem romantismos, contrapondo-se, portanto, ao idealismo dualista de Aristóteles. Para Machiavel, o governo do Estado deve estar a cargo de um “Príncipe” (principal, primeiro, mais importante) capaz de impor os interesses comuns, conduzido pelos interesses do Estado, fazendo o que precisa ser feito, sem preocupar-se se é bom ou ruim. Desse modo, um governante que de deixasse guiar por pressupostos morais (ou religiosos, pior ainda) seria um equívoco e um fracasso, inevitavelmente.
Thomas Hobbes
(Malmesbury, 5/4/1588 — Hardwick Hall, 4/12/1679)
 

Hobbes, por sua vez, vai acentuar a necessidade do contrato, do pacto e de um mecanismo de natureza impessoal que tivesse a capacidade de regular o controlar a organização do estado. Concebeu, então, a ideia do Estado como um Leviatã, uma espécie de mal necessário; um monstro que eliminava monstros maiores para que a ordem e a paz social entre os humanos fossem mantidos.

Embora por caminhos distintos, os dois autores acrescentam como grande contribuição à história da formação do Estado moderno (em diante) o fato de que as vontades e liberdades naturais dos homens precisam de regulação e controle pelo Estado. Bobbio, em algum dos artigos de “A Era dos Direitos” vai situar esse momento como o de explicitação da contradição vivida pelo indivíduo de que, para garantir suas liberdades individuais deve privar-se dela e delegar ao Estado a responsabilidade de controlá-las. Inicia-se aí uma era em que aos direitos individuais passarão a ser discutida e elucidada a segunda geração de direitos: os direitos políticos.

AS DIFERENTES LIÇÕES DE NUREMBERG

Eis que então, se não quando, a professora de Teoria Geral do Direito indicou como tarefa o "Julgamento de Nuremberg", orientando para que olhássemos o filme desde ponto de vista (técnico e jurídico) do Direito. Um excelente exercício.


Se consegui entender o contexto, o filme mostra uma situação imediatamente posterior à II Guerra Mundial, em que os países vencedores (encabeçados por Estados Unidos e Inglaterra) resolvem submeter os inimigos derrotados a um julgamento internacional. Segundo o filme, a pretensão é que realize-se um julgamento imparcial, correto, dos crimes de guerra, concentrando-se nas leis existentes para julgar se os nazistas desobedeceram os tratados de paz, os tratados de fronteiras, a Convenção de genebra e a Convenção de Haia. Trata-se, em síntese, de identificar se teriam os nazistas cometidos alguns destes crimes: 
1. Conspiração para cometer agressão? 
2. Crimes contra a paz? 
3. Crimes de guerra? 
4. Crimes contra a humanidade?

A equipe de promotoria - designada pelo presidente dos Estados Unidos -, entendendo Nuremberg apenas como o 1º de muitos julgamentos que haveriam de serem feito, definiu que seriam julgadas 21 pessoas,  as quais representariam todas as categorias que atuaram na implantação e existência do regimes nazista. Nas palavras do promotor-chefe a tarefa do tribunal era cuidar para que isso não seja um "triunfo do poder superior mas um triunfo da moral superior. Estamos numa posição bem interessante: a de moldar um futuro em que a guerra agressiva será tratada como um crime."

Apresentadas as evidências, ouvidas as testemunhas e interrogados os réus, concluído o julgamento, o filme deixa, entre outras, duas lições que me parecem muito significativas. Aponta a moral germânica de obedecer e cumprir ordens de autoridades superiores e a cultura de que o estrangeiro é raça inferior, como dois fatores que justificariam psicologicamente e permitiriam a existência do holocausto.  Transmite a sensação de dever cumprido em relação aos dirigentes nazistas alemães, como esperança de que a civilização não volte a ser ameaçada por tais regimes e que a paz possa prosperar entre os povos e as nações.

As atrocidades cometidas contra os estrangeiros (intencionalmente, não reduzo apenas aos judeus mas, esse é outro capítulo!) foram condenadas na maioria dos réus que tiveram sentença condenatória: alguns à morte por enforcamento, outros à prisão perpétua ou temporária. 

Penso que o tribunal cumpriu metade de sua pretensão: a de identificar e condenar as práticas nazistas de Hitler e seus comandados. E a segunda parte, a de garantir que a história não se repita e de que a paz mundial seja preservada? Nesse sentido, infelizmente, o final do Séc. XX e início do Séc. XXI vai nos  mostrar um cenário internacional inverso.

Resultados da Guerra unilateral dos Estados Unidos no Iraque.
Os alemães, em Nuremberg, alegaram "prisão  e eliminação preventiva dos inimigos do regime" e foram condenados; os Estados Unidos, heróis do julgamento de Nuremberg contra crimes de guerra, crimes contra a paz e crimes contra a humanidade, criaram para si o estatuto da "guerra preventiva", auto delegando-se poderes absolutos de invadir, destruir, agredir e aniquilar qualquer país que considerem como ameaça ou potencial ameaça a seus interesses. 

Sob o pretexto de combater o terrorismo civil espalha terrorismo de Estado contra países (Afeganistão, Kosovo, Iraque, ...), mata civis e posa de bom moço. Chomsky, em seu fundamentado estudo "Os estados fracassados" expõe os Estados Unidos como o estado fracassado por excelência, um dos piores exemplos quando se trata de respeitar as leis de guerra, os tratados internacionais de paz e não prática de crimes contra a humanidade. 

Afegãos, sob guerra imposta pelos Estados Unidos
Enquanto para a humanidade a lição do nazismo foi a de "nunca mais", parece que, para os Estados Unidos da América do Norte a lição foi aprendida, aperfeiçoada e aplicada em causa própria, por si próprio e pelo seu maior aliado, Israel, o qual tem uma prática anti-semita constante, contra palestinos. Ambos praticam guerras unilaterais e nem um pouco observadoras das leis internacionais. Parece que as previsões do engenheiro das câmaras de gás estavam certas, infelizmente: com o auxílio da tecnologia, os Estados Unidos impõe sua lei aos inimigos e violam todas essas mesmas leis.

As perguntas, então, são: Será que, meio século depois, afegãos, iraquianos e palestinos podem ser tratados como raça inferior e dizimados pelos governos estadunidenses e israelenses, sem que isso, agora seja crime e ameace a paz mundial?  Quando teremos o Tribunal de Nova Iorque e quando teremos o Tribunal de Gaza?? 

Espero que não tarde muito, para que a civilização humana deixe de ser ameaçada e que a paz possa continuar sendo uma esperança para todos os povos.

Se quiséssemos ir mais longe, poderíamos. Usando os mesmos critérios adotados em Nuremberg, partindo dos fatos conhecidos e evidentes podemos nos dar o direito de nos perguntar sobre os não tão evidentes. Não seria totalmente absurdo imaginar que os Estados Unidos, para cumprir seu intento pudessem até mesmo praticar crimes de conspiração para cometer agressões. A história do atentado de 11 de setembro ainda tem capítulos não explicados como, por exemplo, como um avião poderia ser arremessado no quintal do Pentágono, a central mundial de comando militar dos Estados Unidos? O que é mais fácil acreditar: que um terrorista teria feito isso, ou que eles próprios o fizeram? Mas, esse também é outro capítulo.

quinta-feira, 15 de março de 2012

12 HOMENS E UMA SENTENÇA

Um filme inteligentíssimo para quem não se contenta com as verdades aparentes e com sentenças aparentemente certas.
Em algumas províncias dos Estados Unidos, uma decisão de júri popular só pode ser tomada por unanimidade, ou seja, todos os 12 jurados devem ter posicionamento idêntico. Em "12 Homens e uma sentença", 11 jurados estão certos de que o adolescente acusado de matar o seu pai é culpado, movido por provas muito contundentes e grandes evidências. Um dos jurados, porém, não acha que o acusado seja inocente, porém, não tem a mesma certeza de que seja culpado. Um filme forte, de muito suspense e super agradável cujo desfecho, só vendo para descobrir. Indispensável para operadores do direito.


domingo, 4 de março de 2012

ENTRADA DE IMIGRANTES ESPANHÓIS NO BRASIL


Palácio do Itamaraty - sede do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Arquivo pessoal
Depois de alguns anos sofrendo restrições impostas pelo governo espanhol à passagem ou entrada de brasileiros naquele país, e de tentativas diplomáticas infrutíferas, o governo brasileiro resolveu adotar, a partir do 2º quadrimestre de 2012, as mesmas regras para a entrada de imigrantes espanhóis no Brasil. As novas regras estão disponíveis podem ser encontradas no saite do consulado do Brasil em Bracelona. (link em "saiba mais")

A partir do governo Lula o Brasil tem conquistado o respeito internacional e, graças a sua fase de crescimento, tem se mantido à margem do epicentro da crise capitalista mundial, que elimina postos de trabalho e desemprega milhões de pessoas ao redor do mundo. O  Brasil se tornou um país atrativo. Por outro lado, os países tradicionalmente tidos como "desenvolvidos", referências para o capitalismo, sofrem com o desemprego e seus governos - além de destinarem bilhões à elite capitalista - fecham ainda mais o cerco contra a entrada de imigrantes estrangeiros.

A elite capitalista mundial não consegue resolver os problemas que ela criou. Pelo contrário, se beneficia deles, os quais são inerentes ao próprio sistema. Os governos não se entendem como deveriam. Os trabalhadores, além de terem desrespeitados o seu direito ao trabalho, passam a ser vítimas, também, do cerceamento de sua liberdade de deslocamento, apesar de ser um direito previsto na "Declaração universal dos direitos do homem", publicada pela ONU em 1948. 

Foto Forum Social Mundial -  http://fsm10.procempa.com.br/wordpress/?p=1171   

Ante a intransigência espanhola, visando sua soberania e a exigência do devido respeito, o governo brasileiro está certo em equiparar as regras de tratamento. Afinal, soberania e dignidade não são concessões, são conquistas. A solidariedade internacional não pode ser construída com base em relações desiguais de imposições do governo de quem se julga metrópole e pretende os demais como suas colônias. 

Com a indispensável ajuda do tradutor "reverso.net" afirmo que yo continúo creer en la solidaridad universal y en la unidad de los trabajadores del mundo tan necesaria condición para el superação del capitalismo y la construcción de una sociedad socialista, planetaria y without la exploración.

O chamamento de Marx, publicado em 1848 - exatos 100 anos antes da Declaração universal da ONU -, continua válido, urgente e imprescindível: "Proletários do mundo, uni-vos!" Não poderemos, verdadeiramente, nos considerar livres e cidadãos enquanto persistirem a ilusão das fronteiras. Todos os muros da divisão e da discórdia, físicos ou imaginários, territoriais ou de classe, precisam ser derrubados.

Consulado do Brasil em Barcelona:
http://www.brasilbcn.org/index.php?option=com_content&view=article&id=183:visado-de-turista&catid=23:visados&Itemid=42&lang=es.

Outros:
http://culturahispana2f.blogspot.com/2011/06/crise-na-espanha-empurra-latino.html


A RUA MAIS LINDA DO MUNDO (The most beautiful street of the world)


Foto disponível no Google.

A Rua Gonçalo de Carvalho em Porto Alegre é, realmente, pura exuberância, surpreendentemente linda, acolhedora e aconchegante. 

Recentemente, ela está sendo conhecida como a rua mais bonita do Mundo. Com ou sem título, convenhamos: é um belo exemplo a ser seguido.

Arquivo pessoal. 2009.

Arquivo pessoal. 2009.
É toda arborizada, com mais de 100 árvores dos dois lados da via, onde se cruzam no alto formando um imenso túnel verde. 

Deparar-se com ela, em pleno centro de Porto Alegre (capital do Rio Grande do Sul), é uma surpresa inesquecível. 
Arquivo pessoal. 2009.

Arquivo pessoal. 2009.
Foi o que aconteceu a mim e ao meu filho Leonardo, em dezembro de 2009, quando passeávamos a caminho Parque da Redenção.

A rua tornou-se, para nós, um marco do passeio. Agora, ao saber desse reconhecimento internacional, sinto-me ainda mais feliz por ter incluído esse lugar na minha vida e na vida de Leonardo, à época, com 4 anos e 10 meses.

Para amantes dos bons vinhos, o Empório Del Puerto, como "porta de entrada" rua mais bonita do mundo, certamente, será parada obrigatória e fará com que a beleza da rua complete-se com aromas e sabores que a tornem ainda mais inesquecível. 

Para finalizar, desejo que a rua que inspirou o professor português de Biologia a declará-la como a mais bonita do mundo, nos ensine a fazer de todas as nossas ruas, um local de encontro, aproximação, beleza e humanização. 

Arquivo pessoal. 2009.
Em Brasília, as áreas verdes originais estão crescentemente perdendo espaço para as invasões generalizadas de terras públicas, inclusive, no Plano Piloto, tombado como patrimônio histórico e cultural da humanidade. E, caso você esteja pensando que os invasores são pessoas pobres ou de baixa renda, enganou-se!

sábado, 3 de março de 2012

ANTÍGONE - Sófocles (476aC - 406aC)


Antígone
Resumo elaborado e apresentado no Curso de Direito. 1º Período. Fev/2012. Teoria Geral do Direito. Profª Dra Maria Edelvacy Pinto Marinho.

Imagem disponível no Google
Em “Antígone”, Sófocles busca evidenciar algumas contradições entre as leis divinas e as leis humanas de seu tempo. A questão central é apresentada logo no início da obra, quando Antígone, filha de Édipo, trata com sua irmã Ismênia acerca do edito referente Etéocles e Polinice, que morreram lutando um contra o outro: “Pois não sabes que Creontes concedeu a um de nossos irmãos, e negou ao outro, as honras da sepultura?” (p. 6)
Ismênia, ciente do fato, da sua condição de mulher e submissa às ordens impostas, e da punição sumária a quem desobecesse a ordem do rei indaga a Antígone: “... em tais situações, em que te posso eu valer, quer por palavras, quer por atos?” (p. 7).
Antígone está decidida a desobedecer ao rei, em obediência à lei divina que manda não abandonar os seus. Ismênia, ao contrário, sentindo-se totalmente submetida às ordens do poder político instituído recusa-se a desobedecer e a tentar o que considera uma loucura. Não admite, com isso, que esteja desprezando as leis divinas; apenas sente que não tem forças para contrariar as leis soberanas da cidade – o que, para Antígone, não passa de um pretexto.
Convicta de sua obrigação como irmã Antígone foi e sepultou o irmão, sozinha. Apanhada, confessou a Creonte e justificou sua desobediência ao edito:
“Sim, porque não foi Júpiter que a promulgou; e a Justiça, a deusa que habita com as divindades subterrâneas jamais estabeleceu tal decreto entre os humanos; nem eu creio que teu édito tenha força bastante para conferir a um mortal o poder de infringir as leis divinas, que nunca foram escritas, mas são irrevogáveis; não existem a partir de ontem, ou de hoje; são eternas, sim! E ninguém sabe desde quando vigoram.” (p. 30)
Creonte, que se tornou rei graças à morte de Etéocles e Polinicie, defende seu decreto sob o argumento de que na luta entre os irmãos apenas o primeiro merecia honras, pois morreu defendendo Tebas da ambição e do ataque do segundo que retornou do exílio com o propósito de destruir totalmente o país e os deuses de seus pais, derramar sangue e submeter o seu povo à escravidão. Como rei soberano não poderia demonstrar clemência a qualquer ato ou cidadão que ameaçasse a cidade ou a felicidade e o bem estar do seu povo. “Quem preza a um amigo mais que à própria Pátria, esse merece desprezo!” (p. 15) “Eis aí como penso; jamais criminosos obterão de mim qualquer honraria. Ao contrário, quem prestar benefícios a Tebas, terá de mim, enquanto eu viver, e depois de minha morte, todas as honras possíveis!” (p. 16) Em síntese, aos amigos do país todas as honras; aos inimigos os rigores da lei.
A situação se torna especialmente tensa por ser Antígone sobrinha de Creonte e noiva do seu filho Hemom o qual, mesmo não querendo contrariar seu pai, discorda dele, tenta mostrar que a sua ordem está equivocada e que, com ela, está atraindo o descontentamento, a oposição e a revolta dos cidadãos de Tebas.
“Que mais belo florão podem ter os filhos, do que a glória de seu pai; e que melhor alegria terá o pai do que a glória dos filhos? Mas não creias que só tuas decisões sejam acertadas e justas... Todos quantos pensam que só eles têm inteligência, e o dom da palavra, e um espírito superior, ah! Esses, quando de perto os examinarmos, mostrar-se-ão inteiramente vazios! Por muito sábios que nos julguemos, não há dessas em aprender ainda mais, e em não persistir em juízos errôneos...” (p. 46). “Cede, pois, no teu íntimo, e revoga teu édito.” (p. 47)
Creonte mantém-se irredutível, ordenando aos guardas que prendam Antígone numa gruta na rocha para que morra, sem água e sem comida. Sua decisão muda, subitamente, quando o oráculo de Tirésias lhe é apresentado, aconselhando-o a ceder para não atrair sobre si uma desgraça ainda maior:
“O erro é comum entre os homens: mas quando aquele que é sensato comete uma falta, é feliz quando pode reparar o mal que praticou, e não permanece renitente. A teimosia produz a imprudência. Cede diante da majestade da morte: não profanes um cadáver!” (p. 63)
... eu próprio que ordenei a prisão de Antígone irei, libertá-la! Agora, sim, eu creio que é bem melhor passar a vida obedecendo as leis que regem o mundo!” (p. 69) Com essa frase, Creonte parte para sepultar Polinice e libertar Antígone da prisão. Já era tarde. Antigone havia se enforcado. Hemom suicidou-se na presença do pai, junto ao corpo da noiva. Eurípedes, ao saber da notícia suicidou-se amaldiçoando Creonte, culpado por toda a desgraça. A tragédia que apresenta inicialmente um Creonte soberano acima de tudo e de todos, senhor da vida e da morte de seus súditos, encerra com o mesmo Creonte numa condição miserável, implorando pela própria morte.

Bibliografia:
  • SÓFOCLES (476 aC – 406 aC). Antígone. Tradução J B de Mello e Souza. Versão para ebook (eBooksBrasil.com). 2005.

Bibliografia complementar
Em 1946, o francês Jean Anouilh publicou uma releitura da obra original, mantendo fidedignidade à mesma, porém, inserindo de maneira brilhante alguns atos e utilizando uma linguagem  direcionada aos franceses que, naquele momento, resistiam à dominação nazista. Vale a pena.
  • ANOUILH, Jean. Antígona. Tradução Sidney Barbosa. Brasília/DF. Editora Universidade de Brasília, 2009.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

AUTO ANÁLISE, OU PURA ESSÊNCIA?

APRECIE..., REFLITA..., SONHE..., SUPERE-SE..., RECRIE-SE..., VIVA!!!!
OBRIGADO, OSWALDO POR TANTA TERNURA, TANTA ARTE E TANTO ENCANTO...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

INDÚSTRIA DA MULTA EM CURITIBA

Visita a Curitiba - Jardim Botânico (ago/2011)
Em viagem a Curitiba, no início de agosto de 2011, precisei locar um carro para os deslocamentos. Escolhi, aleatoriamente, uma locadora qualquer e como estava com o pé direito imobilizado, usando muleta por estar impedido de apoiar o pé no chão, outra pessoa conduziu o veículo, durante o período de duração da viagem.

Algumas semanas depois a locadora repassou uma notificação de multa por falar ao celular enquanto dirigia, emitida pelo órgão de trânsito da prefeitura municipal. ABSURDO TOTAL!! Em nenhum momento, em hipótese alguma, foi utilizado telefone celular enquanto se dirigia o veículo, nem para efetuar, nem para receber ligação

Como moro em outro estado, impossibilitado de qualquer recurso prévio junto a prefeitura e ao órgão arrecadador responsável pela imposição de uma multa totalmente indevida, enviei essa resposta, imediatamente, à locadora esclarecendo e solicitando que fizesse a gentileza de apresentar a defesa conforme a notificação assegurava a ela o direito e a possibilidade.

Indignado com o absurdo, cheguei a caracterizar a penalidade improcedente como uma "extorsão", pela situação de impotência em que a circunstância me colocou, sendo penalizado por uma infração que não foi cometida e, distante, sem poder cuidar pessoalmente do caso o que levaria (como levou!), obrigatoriamente, à imposição arbitrária da cobrança e ao lançamento de pontos na CNH.
Embora o valor financeiro seja individualmente "pequeno", a simbologia do ato é uma afronta, uma agressão, e deve ser denunciada. Quando a infração existe, é certo que a pena seja aplicada, como já me ocorreu, circunstância em que admiti o erro, paguei e assumi os pontos, inclusive uma vez em que meu carro estava emprestado para outra pessoa. Não foi o caso, em Curitiba, aonde a infração não existiu. 

Documento de notificação.
A locadora PODIA "indicar o condutor infrator, bem como, OFERECER DEFESA DA AUTUAÇÃO JUNTO AO DIRETRAN", conforme mostra a própria notificação. Infelizmente, apesar da minha solicitação, a mesma omitiu-se, recusando-se a oferecer a defesa prévia - alegando que essa não é sua obrigação. E não é obrigação mas, um direito que lhe assistia.

Sem ter com quem contar, solicitei a ela que apresentasse  defesa porque imaginei que uma empresa comprometida com seu cliente faria isso, sem nenhum problema. Afinal, não custaria nada, já que indicou o nome do condutor bastaria acrescentar a resposta que eu enviei por e-mail, no qual assegurei a improcedência do fato, e coloquei os números de celular à disposição para quebra de sigilo de ligações no horário alegado, se fosse o caso.

Para a administração municipal, muito fácil impor esse tipo de arbitrariedade, visto que não precisa nenhuma prova, nem foto ou notificação assinada no ato pelo motorista que, em poucos dias, estará muito longe da cidade e impossibilitado de qualquer reação ou defesa.  Será que bastam as três letras e quatro números de uma placa de automóvel transitando onde está posicionado um agente público para anotar e, utilizando-se de sua fé pública sentenciar a infração: "DIRIGIR VEÍCULO UTILIZANDO-SE DE TELEFONE CELULAR!"?  Para quem anda todos os dias na cidade e tem o mau costume de usar celular ao volante, a multa pega. Não foi o nosso caso, pois, não usamos o celular ao volante durante a estadia em Curitiba, em momento algum.

Talvez, o artigo de um blogueiro curitibano, escrito um ano antes do episódio, ajude a explicar o porquê dessa imposição arbitrária aos motoristas. Veja: http://magnacuritiba.blogspot.com/2010/08/visite-curitiba-e-ganhe-uma-multa-para.html
Portanto, se for a Curitiba,  mantenha-se alerta com a indústria de multas e escolha bem suas parcerias. A experiência que eu tive, nesse quesito, não desejo nem aos inimigos!
Quando eu viajar a passeio escolherei outra cidade, com certeza!! Em relação à locadora,  ela cumpriu bem o seu papel e fez o que era obrigada a fazer nessas situações:  recebeu a notificação, indicou o nome do condutor ao órgão arrecadador, encaminhou a notificação ao ex-cliente e pressionou com sutileza para que pagasse o indevido que passou a ser devido pela não apresentação de defesa no prazo estipulado. Agradeço à locadora, pois ela não era obrigada a fazer mais que isso. Embora eu não pretenda mais utilizar os seus serviços, reconheço que ela fez o que era obrigada a fazer. Apenas não se dispôs a fazer o que podia ser feito - e que faria toda a diferença.  
Uma reflexão para além do fato em si

Encerrado o caso específico, sem me referir a qualquer fato ou empresa em particular, faço ao leitor duas perguntas que, talvez, sejam procedentes para ampliar a reflexão, uma para quem é da área pública e outra para quem é da privada:
  • Até quando, em tempos de respeito ao cidadão e de luta pela moralidade na gestão pública, seremos penalizados por infrações que não cometemos?  
  • Em tempos de foco e comprometimento com o cliente, até que ponto devem ter preferencia as empresas e os profissionais que apenas fazem o que são obrigados a fazer? Que se limitam a cumprir suas obrigações?
De uma coisa tenho certeza: é nas pequenas coisas e nas pequenas atitudes que construiremos uma sociedade melhor, com uma administração pública mais honesta e empresas privadas mais qualificadas, comprometidas de fato com os seus clientes.

NUNCA SE CALE OU SE AJOELHE DIANTE DA INJUSTIÇA.
NUNCA SE CONTENTE EM SER OU FAZER SÓ O MÍNIMO.
ACEITANDO OU COLOCANDO-SE NESSA CONDIÇÃO,
VOCÊ ESTARÁ ACEITANDO A SER QUALQUER UM,
EM TROCA DE QUALQUER COISA,
INCLUSIVE, DO DESPREZO
DE QUEM NÃO SE CONTENTA E NÃO SE SATISFAZ COM O MÍNIMO.