domingo, 22 de janeiro de 2012

ESTRATÉGIA E TÁTICA: ELEIÇÕES 2012 EM CAÇADOR

Imagem Partido dos Trabalhadores
Depois do resultado das eleições municipais de 2000 em Caçador, da chegada do PT à chefia do Governo Federal e dos resultados dos mandatos de Lula e de Dilma Roussef, pela 3ª vez consecutiva o PT teria chances concretas para vencer as eleições no município, agora, em 2012.

Lula sempre ganhou em Caçador. Dilma ganhou em Caçador. Por que, então, nas eleições municipais o partido mantinha até 2000 uma votação inferior a 5 % dos votos? Pior que isso. Por que, em sua história, o partido não conseguiu, no município, acumular ganhos políticos mais significativos, em termos de consciência de classe trabalhadora e seu projeto?

As eleições de 2000 confirmaram que não há rejeição da população a um projeto político mais ousado e transformador. Ao ser tratado e chamado de maneira adequada o povo caçadorense respondeu afirmativamente, demonstrando que não rejeita o PT, mas o jeito despreparado, amador e displicente com que é/era tratada por alguns dirigentes sindicais e partidários. 

Em 2000, a campanha foi inserida num processo mais amplo de discussão e ação político de construção partidária, no qual a postura, o método e a radicalidade democrática da direção partidária do período foi determinante e a juventude petista teve participação estratégica. Encerramos a fase destinada a campanha eleitoral com muita clareza sobre as duas tarefas obrigatórias ao partido para vencer as eleições em 2004 e potencializar um processo de transformação na cultura política e na gestão pública local. 

Primeiramente, era necessário continuar o processo de formação na ação dos militantes petistas, em diálogo com a sociedade local, para aumentar as suas capacidades técnicas, políticas, organizativas e de militância, para constituir uma base dirigente capaz de assumir o governo municipal numa perspectiva transformadora. 

A segunda tarefa partidária era a formulação de um projeto de município e um plano de governo detalhado e fundamentado. Com a eleição de um vereador, o partido passou a ter condição de acesso a todos os detalhes do orçamento municípal, sua administração e aplicação - elemento fundamental para formular um projeto de justiça tributária e inversão de prioridades. 

Pelo que sei, o partido não conseguiu fazer as tarefas de casa para as eleições de 2004 e nem para as de 2008, embora tenha tido, desde 2000, pelo menos um vereador exercendo mandato. 

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CENÁRIO 2012

Chegamos a 2012 com um cenário totalmente inusitado.

Na elite, o que foi sua força tornou-se a sua ruína: dependente de 3 ou 4 nomes que se alternaram no governo de 1976 a 2004, segura de sua imperiosa hegemonia, não preocupou-se em renovar seus nomes. Dos velhos mandatários só restou um que é deputado e outro que - dono de uma das maiores rejeições eleitorais no município - acabou virando prefeito para o mandato tampão, a partir de março de 2011. (Registre-se que, se a cassação tivesse ocorrido antes do final de 2010, a escolha do substituto do cassado deveria ser feita obrigatoriamente por eleição direta. Mera coincidência, a cassação ocorrer só no início de 2011? Talvez.)

Dos novos "representantes" da velha política, Saulo foi cassado. O resto da renovação da elite é um nome que, forjado pelo partido do sogro, de cargo em cargo até conseguir uma vaga como deputado estadual, não assumiu o cargo para melhor servir aos coronéis estaduais e aos seus próprios interesses, na Secretaria de Infraestrutura (uma das que mais movimentam recursos e que, portanto, ótima oportunidade para gerar vultuosos "saldos" para novas campanhas eleitorais). Ou seja, a elite local não tem uma liderança respeitada, reconhecida e com legitimidade para aglutiná-la. Só se manterá no comando do governo municipal se a esquerda for incapaz de fazer o devido enfrentamento.

No PT, um vereador em exercício e uma composição estranha no executivo, onde o partido tem uma vice-prefeita e outros cargos que eu não sei exatamente quais. A minha contrária, - minha, de vários petistas e de grande parcela da população caçadorense -, não muda esse fato: fez-se um arranjo eleitoral, numa situação específica, e a realidade agora é essa. Embora objeto de avaliação, esse fato não pode agora ser o único foco da questão que, para não causar novas polêmicas, vamos admitir hipoteticamente que possa ser tratada como um desvio tático, temporário e complicado.

A grande questão, agora, é: Como tirar desse mal, algum bem? Como partir dessa situação para retomar as tarefas estratégicas do partido para que se aglutine, se organize, se qualifique e faça as tarefas de casa, que estão pendentes desde 2000?

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Para mim, o primeiro passo é romper com o arranjo  conjuntural feito entre dirigentes partidários e retomar a construção de uma aliança efetiva com a classe trabalhadora do município, independente de filiação, militância ou simpatia partidária. Arranjos têm seu preço e, certamente, afetou a credibilidade do partido no município. Fazer rupturas é um ato de coragem, sem dúvida. Mais que isso, é uma exigência política e histórica. Sem ela (a ruptura), além de não fazer a tarefa de casa, o partido dará aos trabalhadores um péssimo exemplo, fortalecendo localmente a lógica perversa do compadrio, do entreguismo e da rendição aos coronéis, em troca de migalhas e de favores pessoais aos "capatazes".

Feita uma ruptura política fundamentada e séria, é preciso retomar, com urgência a realização das tarefas partidárias: organização e construção partidária, elaboração do projeto de desenvolvimento estratégico e do plano de governo para o município. 

A primeira tarefa é, obviamente, a mais difícil e exigente. Quanto á segunda, com um vereador e os cargos que foram ocupados nesse período, se o partido não tiver as informações necessárias, as condições e a capacidade suficiente para dar conta dela, resta apenas assinar o atestado de incompetência e fechar as portas, em respeito à política, à classe trabalhadora e à população do município.

Não adianta usar como desculpa a atual composição no Governo Federal. Em nível nacional, também, se o PT não construir como partido um movimento de retomada programática, de aliança popular com a classe trabalhadora, e de ruptura com vários grupos que integram a base de governo, vai morrer na vala comum, construindo a própria ruína, refém de velhas práticas, de novos magnatas da política nacional e das nefastas barganhas por cargos e favores. 

Pior que entrar numa cilada é não ter a capacidade de sair dela com inteligência. 

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