quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

IMPRENSA LOCAL: ASSESSOR OU ACESSÓRIO?

Acerca da minha visita informal à amiga Luciane Pereira, na ocasião, prefeita em exercício de Caçador por alguns dias, em comentário postado em matéria do Diário Caçadorense (http://www.diariocacadorense.com.br/noticias-detalhes.php?id=610), o radialista Flávio Henrique reivindicou a autoria do artigo publicado no site Caçador Online. (http://cacador.net/portal/Noticias.aspx?cdNoticia=17162&cdNoticiaDivisao=4). 

A declaração indevida atribuída a mim, que eu considerava grave se viesse de equívoco ou erro do site, é mais grave ainda por partir de um profissional que presenciou toda a conversa e é ocupante de função pública (ainda que em cargo comissionado), o que lhe impõe a exigência de maior rigor ético e preparo para o tratamento adequado das informações, mantendo fidedignidade aos fatos.
Embora a própria legislação brasileira esteja tratando matéria sobre dispensa de curso superior para o exercício da atividade jornalística, as pessoas que praticam a divulgação de informações - com ou sem qualificação específica - não têm como justificar ignorância, inobservância e desobediência a princípios básicos da profissão, como a responsabilidade pelas informações e a fidedignidade aos fatos, por exemplo.

Resta a uma pergunta elementar: Como o autoria da matéria é de alguém que presenciou a conversa, qual seria a intenção da distorção publicada?
Respeitadas as circunstâncias, é verdade que fiquei contente que Luciane Pereira tenha exercido o cargo de prefeita por alguns dias, embora em termos práticos tenha sido um exercício simbólico por ser um período insuficiente para quaisquer medidas e mudanças significativas.
Prefeito Imar e vice Luciane. foto disponível no Google.
Não tenho uma avaliação sobre o potencial eleitoral da "dobradinha" municipal PMDB e PT, basicamente, por dois motivos. Primeiramente porque o atual arranjo é resultado de um episódio muito conjuntural, acertado por um grupo muito reduzido de dirigentes de ambos os partidos, o que não, necessariamente, traduz a vontade e a compreensão dos seus filiados e dos eleitores. Em segundo lugar, porque a chegada ao governo foi pela via indireta, resultado de acordos no âmbito da Câmara de Vereadores, o que também não é imune a acertos que, talvez, não contem com aprovação da maioria da população.
Porém, tenha ou não potencial eleitoral, desde que soube desse arranjo minha opinião é contrária, visto que um grupo do Partido dos Trabalhadores aliou-se exatamente a uma das alas mais conservadoras, reacionárias e oportunistas do PMDB, como, aliás, ocorre em outros lugares e épocas no velho estilo "se há governo, tô dentro!", de acordo com as conveniências quase sempre particulares. O mesmo grupo (e a mesma família, inclusive) que se alia localmente com o PT ocupa altos cargos comissionados no retrógrado governo  do DEM em SC.

Embora o atual prefeito tenha dado um péssimo exemplo na reta final da campanha de 2000, minha crítica e meu posicionamento nada tem a ver com o resultado eleitoral da época, que foi um marco na história política municipal. Apesar da postura à época raivosa, anti-ética e agressiva do atual prefeito, o sucesso daquela campanha foi possível também pela aliança de princípios que fizemos com parcelas de filiados e eleitores mais progressistas dos outros partidos, inclusive do PMDB. Minha crítica quanto à notícia veiculada restringe-se à forma conveniente utilizada pelo autor da matéria. Ao desviar o foco do assunto, em seu comentário no outro jornal, deixa claro a intencionalidade de manipular a informação, o que é uma agressão à população. A identificação da autoria diminui em partes a responsabilidade do site que veiculou a  matéria recebida da assessoria de imprensa, a qual induziu alguns leitores a equívoco e comentários sem fundamento. 
Foto: Flávio Henrique, disponível no Google.
Caçador merece mais... 
Mais do que merecer uma imprensa profissional, imparcial, capacitada, preparada, ética e responsável, a população caçadorense tem direito a que os ocupantes de cargos públicos tenham ciência de que não podem estar subjugados a interesses privados ou eleitorais.
Quem ocupa um cargo de governo precisa ter consciência de que presta um serviço público, ainda que temporário. A comunicação de um governo é uma grande tarefa de estado e não pode ser reduzida a um serviço pequeno a esse ou aquele partido político, em função de conveniências alheias aos interesses públicos.
Lamento, também, a presunção do autor em "reanimar alguém pra política caçadorense". Embora carreiristas eleitorais utilizem táticas de "tratamento de informações" (manipulação) para alcançarem seus objetivos, isso não serve para lideranças políticas, as quais se constroem em processos sérios e conquistam a confiança popular, ao contrário dos carreiristas a quem interessa apenas o voto a qualquer custo.

De fato, estou há 10 anos residindo fora de Caçador, não tenho pretensões eleitorais e muito menos preciso de tais episódios ou tais profissionais para "reanimar" nada. Tenho grande respeito, reconhecimento e gratidão ao povo caçadorense. Felizmente, em todos os lugares onde vivo e trabalho, consigo o devido reconhecimento por mérito, pela seriedade e pela postura profissional, responsável e coerente que busco manter sistematicamente. Foram essas características, também, que ajudaram a conferir ao PT em Caçador um resultado político diferenciado e vitorioso em 2000 - e serei eternamente grato à população pela confiança depositada e pelo carinho que ainda hoje recebo todas as vezes que volto ao município.
Enfim, não quero nem preciso de foto, de matéria ou de polêmica desnecessária. A intenção foi apenas fazer uma visita e cumprimentar a então prefeita em exercício, sem qualquer outra pretensão e, muito menos, a intenção de usar o episódio ou ser usado por ele. Parafraseando a Bíblia, talvez seja apropriado registrar  só mais uma ideia útil: quem é honesto nas pequenas coisas será também nas grandes, e vice-versa.

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