sábado, 29 de janeiro de 2011

Aos construtores e às construtoras do ProJovem Campo Saberes da Terra


Há pouco mais de dois anos, não nos conhecíamos, não éramos mutuamente capazes de visualizar nossas expressões faciais, distinguir o tom de voz, identificar a intensidade das convicções, a expressão de preocupação nas horas difíceis ou o sorriso por um bom resultado conquistado. Ainda assim já éramos capazes de saber da existência um do outro. Sim, porque sabíamos que em nossa luta não estávamos sozinhos e que a luta e a Educação do Campo são causas justas.
Hoje, tudo isso, para nós, é uma realidade. Sabemos da nossa existência, nos conhecemos e nos reconhecemos mutuamente como sujeitos protagonistas da mesma história, militantes da mesma causa, aproximados por uma ação com potencial altamente revolucionário em Educação do Campo, chamada ProJovem Campo Saberes da Terra.
Concluída essa minha etapa de atuação na Coordenação Nacional do ProJovem Campo Saberes da Terra, registro minha gratidão por termos compartilhado essa missão ao cabo da qual, apesar de todas as dificuldades e adversidades, afirmo com toda segurança que deixo essa condição com a sensação do dever cumprido.
Consigo ver com muita clareza alguns avanços históricos, os quais tivemos o privilégio de protagonizar – o Programa implantado em 23 estados e sendo assumido por vários entes federados como uma política pública de Estado, uma base normativa nacional relativamente clara e consolidada, um sistema informatizaodo de monitoramento em fase final de implementação, um grupo de 26 instituições públicas de ensino superior constituindo e consolidando núcleos de pesquisa e formação em Educação do Campo, próximo a 5 mil profissionais em formação devendo chegar aos 13 mil até o final de 2011, 50 mil jovens cadastrados devendo chegar a 100 mil até o final de 2011, só para citar alguns exemplos.
Nossos avanços confirmam a expressão já consagrada entre nós: "ninguém ouse dizer que sempre foi assim e assim sempre será", muito valorizada por Lula em sua posse quando afirmou, num momento histórico: "Ninguém, jamais, ouse duvidar da capacidade do povo brasileiro!".
A única coisa certa, meus caros e minhas caras, é que tudo é passível de ser transformado e vocês, cada um(a) a seu modo, me ensinaram muito durante esta caminhada, nos momentos de consenso, de dúvidas, de decisões, de formulações e reformulações, e de debates mais acalorados. 
A política pública pertence ao Estado e a responsabilidade pela sua gestão é dos ocupantes de cargos e funções específicas. Desejo aos que permanecem e aos novos que chegam o mesmo entusiasmo e engajamento que tivemos até aqui e confio, sinceramente, que farão ainda melhor do que até agora fizemos, inclusive, porque as condições já são muito mais favoráveis. Quanto a nós que deixamos as funções governamentais, tenho certeza que seguiremos ainda mais fortalecidos que antes delas, e mais irmanados na causa porque essa não pertence ao cargo ou a função; essa pertence a quem é capaz de sonhar, de antever a realidade transformada, de acreditar na mudança e na capacidade popular de se organizar e de se engajar para que as transformações sejam efetivadas.
Se precisasse resumir numa frase o significado de nossas conquistas nesse período eu, com toda certeza, tomaria emprestadas as palavras do companheiro Bertold Brecht: Quem ainda está vivo não diganunca!
Muitíssimo obrigado a todos, a todas e a cada um(a) pela oportunidade ímpar de ter compartilhado essa missão na qual aprendi muito, certo de que ainda nos encontraremos, num ou noutro espaço, mas sempre na mesma causa.
Brasília/DF, 28 de janeiro de 2011.
Eduardo Gois de Oliveira

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