terça-feira, 9 de novembro de 2010

ENEM - UMA ANÁLISE NECESSÁRIA

O assunto da semana está sendo o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. Realizado no último final de semana, serve como "exame unificado" para ingresso em dezenas das melhores universidades federais brasileiras. 
O ENEM está na mídia por falhas que precisam, obviamente, serem corrigidas. Na edição 2010 as três falhas apontadas foram: erro da gráfica na montagem de parte dos cadernos de provas amarelas, erro no gabarito e falha na orientação aos participantes.  
Segundo a própria gráfica - uma das maiores do setor gráfico mundial – 33 mil provas foram montadas de maneira errada, das quais menos de 2.000 (duas mil) aplicadas. São duas mil em um universo de 4.700.000 (quatro milhões e setecentas mil provas) - uma margem quantitativamente insignificante e não justifica o tamanho do barulho feito, muito menos o cancelamento da prova para os mais de 3 milhões de participantes.
Quem é “concurseiro” (estuda e presta concurso sistematicamente), sabe que não há nenhuma novidade em relação a questões sem opção ou com mais de uma opção válida no gabarito. Bancas de altíssimo nível que realizam grandes concursos públicos, rotineiramente, anulam questões por esse tipo de falha. Nos vestibulares e concursos dos quais participei houve anulação de questões pela mesma causa e a solução é simples: anula-se a questão, consideram-se as válidas e ninguém é prejudicado por isso.
Num mega esquema para realizar uma prova de tamanhas dimensões é óbvio, também, que há o risco de uma parcela dos aplicadores não estarem suficientemente bem preparados. Isso precisa e deve melhorar à medida que o ENEM vá se consolidando. Os fiscais de prova devem continuar sendo bem preparados e a prova deve se tornar cada vez mais auto-explicativa, para evitar a dependência tanto quanto subjetiva do orientador presente no local da prova. É o que ocorre, também, em todas as provas de concursos e seleções públicas.
OU SEJA, a tempestade numa gota dágua tem uma razão clara: o atual Governo Federal está ampliando, de fato, a possibilidade de filho de pobre entrar em boas universidades e em cursos que, até então era exclusividade da alta elite brasileira, com raríssimas exceções, o que mexe com grandes interesses e monopólios da elite reacionária.
É preciso corrigir as pequenas falhas, mas é preciso firmeza para evitar que isso seja manipulado em favor de interesses escusos. A direita reacionária brasileira precisa aprender perder eleição, colocar-se no seu lugar e desempenhar com mais responsabilidade o papel de oposição. É preciso, também, que ela admita que o poder público deve estar a serviço da coletividade e que a universidade pública brasileira deve ser direito de todos e não apenas de quem pode pagar cursinhos caros e se deslocar para as capitais de todos os estados para prestar vários vestibulares, em detrimento da restrição de acesso ao pobre que, sequer, conseguiria pagar uma passagem para ir de Caçador a Florianópolis prestar vestibular e tentar uma das reduzidas vagas na UFSC. 
O presidente Lula e o ministro Fernando Haddad estão corretíssimos ao afirmar que o NOVO ENEM representa um avanço inquestionável para a educação brasileira, com sucesso muito acima da média das provas e concursos nacionais. A crescente adesão das melhores instituições públicas de ensino superior do país comprova isso. O ENEM, em seu formato atual, é uma conquista nova que precisa ser defendida, aperfeiçoada e ampliada, porque representa um mecanismo de democratização do acesso ao ensino superior público - que, também, precisa ser defendido, aperfeiçoado e ampliado.
Reaplique-se a prova aos que se sentiram ou foram de fato prejudicados. Prossiga-se o processo de democratização do acesso e melhoria da qualidade da educação. 

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