quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O PODER E O POVO

Quer ver um burguês feliz, peça a ele um favor, implore por ajuda, se ajoelhe por uma migalha... mantenha-se dependente e submisso.

Essa é a cultura produzida e reproduzida pela elite brasileira, em todos os setores da sociedade brasileira, ao longo destes últimos 5 séculos de história. Em nossa região é conhecida a figura do camponês que é, ao mesmo tempo, peão e compadre do fazendeiro; da empregada doméstica que ganha pouco e não tem carteira assinada, mas recebe presentes e agrados da patroa; do sindicalista que puxa-saco do patrão e do operário que, sentindo-se sozinho e desorganizado, se sujeita a trabalhar muito por pouco.

Monumento na praça central, em Palmas/TO.
Visitando a capital de Tocantins me deparei com uma cena que retrata muito bem essa relação. Na praça central do poder constituído, há 50 metros do centro geodésico do Brasil, está um monumento que sintetiza essa postura. Ao lado do palácio do governo - muito pomposo e bonito, por sinal - de frente para a Assembleia Legislativa do estado, uma família camponesa em estado de súplica penitente, como se pedisse "uma esmola pelo amor de Deus!" ao ilustres legisladores, ocupantes de cargo público e responsáveis por elaborar as leis naquele estado.

Me explicaram que a cena é em homenagem à primeira missa celebrada naquele local. A missa deve ter durado pouco mais de uma hora. A cena perdura para sempre. Em tons que lembram o ouro roubado do continente latinoamericano e o capim dourado da região, crianças ajoelhadas e mãos estendidas clamam, diariamente, aos nobres governantes, por justiça, respeito e dignidade.

Clamar, apenas, não basta. É preciso levantar-se e mudar as relações de dominação, para que os governantes sejam servidores do povo e não seus eternos senhores.

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