sábado, 30 de abril de 2011

“DES ENVOLVER-SE” PARA CONTINUAR A DESENVOLVER-SE


 Procurando no dicionário, encontraremos para o termo envolver (do latim "involvere") alguns significados interessantes. "Enrolar(-se), embrulhar(-se), meter(-se) dentro de invólucro". "Servir de invólucro a". "Esconder, dissimular".  "Abranger".  "Cercar, rodear, circundar". "Comprometer, enredar". "Entremeter-se, incluir-se, comprometer-se". "Resguardar-se, salvaguardar-se".
Não somos imprudentes ou inconsequentes quando concordamos com alguém que diz: "Nos casamos e nosso envolvimento será eterno!" Em termos religiosos, morais e românticos, uma expressão muito louvável. E no aspecto etimológico, na relação com o conceito "envolver", o que dizer?
Por aproximação, podemos buscar outras expressões e veremos como a ideia de casamento tem a ver com restrição da liberdade individual: "Se amarrou!", "Está na gaiola!", "Tá enrolado!" ... só para citar algumas. É um envolvimento, uma amarração, um engaiolamento consentido, mas envolver-se implica em abrir mão da soberania de exercer o seu livre arbítrio, em função do respeito e da concordância de que agora não se pensa mais sozinho, mas em dois (ou mais).
Uma pessoa solteira, avulsa, sem "envolvimento" matrimonial tem total independência para decidir se mora aqui ou acolá, se muda de cidade em busca de um trabalho melhor ou se continua num emprego ruim por falta de opção, enfim, uma pessoa solteira é a única afetada diretamente pelas conseqüências de suas escolhas.
Uma pessoa casada, envolvida, precisa ponderar, para cada decisão, qual o impacto e as conseqüências que a outra metade do enrosco vai ter, solidariamente. É por isso que a média de duração dos casamentos está cada vez menor, em torno dos 10 anos, com bastante sorte e sacrifício, às vezes.
As pessoas estão descasando com mais facilidade. Sem pretender um julgamento ético, moral ou religioso, mantendo-me apenas casado ao conceito, posso dizer que as pessoas estão se "des-envolvendo" mais facilmente. Mas des envolver-se é um processo, quase sempre doloroso de reconstruir-se, refazer-se e recolocar-se existencialmente no mundo como um des casado
Numa sociedade machista e com uma mentalidade estreita que divide o mundo e os fatos em "certo ou errado", "bom ou mau", essa missão tende ser muito mais dolorida para a mulher. Se a mulher não tiver clareza e independência suficiente para representar a si mesma o des envolvimento de forma afirmativa, mantendo as rédeas de seu destino, além de reconstruir-se, precisa conviver com o sentimento de culpa, provar que é boa o suficiente, que não é a parte ruim da tragédia e que é capaz de prosseguir – des envolvida - o progresso que vinha conseguindo quando envolvida.
Descasar, em resumo, é desenvolver-se. 
Desenvolver-se é um processo que só será de desenvolvimento pessoal se tomado como ele é: uma oportunidade para se desvencilhar de amarras, sair do casulo, romper as barreiras, transpor os limites do envolvimento que, se teve um basta, é porque tornou-se prejudicial e nocivo ao bem estar e à felicidade das partes, que agora, voltam a enfrentar o desafio existencial de constituir-se em inteiros.


Se essa é a sua situação, comporte-se como a borboleta que ao desenvolver-se do casulo, o abandona definitivamente e ganha os horizontes do céu, alçando vôos que lhe permitem novas aprendizagens, novas descobertas, novas possibilidades... novos desenvolvimentos.

Quer ser feliz? Dentro ou fora do casamento, desembrulhe-se! Des envolva-se de tudo o que prende, tolhe, restringe e impede que a felicidade se realize.

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