domingo, 12 de dezembro de 2010

ENEM - JULGAMENTO PRECIPITADO, IGNORÂNCIA OU MÁ FÉ?

Quando se trata de ENEM é preciso ter cuidado para separar o que é informação e o que é uso de uma pequena falha para gerar mais confusão ainda. A irresponsabilidade é tanta que "formadores de opinião" publicam julgamentos sumários, mesmo demonstrando-se ignorantes no assunto. 

Vamos exemplificar. Dia 10/12, o colunista Mateus Prado, colunista do "Último Segundo", que se apresenta como "Educador", sentenciou em sua coluna que "Segunda prova do ENEM já deu errado".  O problema é que, logo no primeiro parágrafo fica estampada a declaração de incompetência do analista para avaliar o fato. O "educador" se refere ao MEC como "Ministério da Educação e Cultura".  Ora,  "MEC" é  "Ministério da Educação", desde 1985, há 25 anos, e o analista desconhece tal fato? Que autoridade tem o moço para julgar uma falha desse que é o maior Ministério do Governo Federal? Como "educador", ele deve (ou deveria) ter estudado no seu curso (certamente, feito depois de 1985), pelo menos o nome correto do MEC. 
A Educação, antes de 1985, não tinha um Ministério exclusivo e, desde sua criação, em 14 de novembro de 1930, passou por várias composições e denominações:  "Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Publica" (1930-1937), "Ministério da educação e Saúde" (1937-1953), Ministério da Educação e Cultura (1953-1985) e, finalmente, Ministério da Educação(1985 - ...). O Ministério da Saúde foi criado em 1953 e o Ministério da Cultura, em 1985, e MEC manteve-se como uma espécie de "marca" do Ministério da Educação. 

Ou o nosso amigo, Mateus, do Último Segundo, fez um cursinho superior mal feito, ou está na metade do século passado, ou precisa se informar um pouco melhor para ser educador. Para ser analista, vai precisar um pouco mais que isso.

A Educação é questão estratégica para a construção e afirmação do Brasil como Nação soberana e cidadã. Precisa ser tratada com seriedade pela imprensa. Pequenas falhas em grandes ações devem ser corrigidas, mas não podem ser usadas de maneira irresponsável como pretexto para defesa de interesses mesquinhos de quem sempre negou à grande maioria da população brasileira o seu direito a Educação, e continuam tentando manter à força o velho jargão: "à elite a educação para mandar; aos pobres, o treinamento para obedecer".

O fato é que dia 15/12, às 13 h, horário de Brasília, os estudantes que foram ou se sentiram prejudicados pela falha na prova de novembro do ENEM terão seu direito garantido a refazer a prova se assim o desejarem. Serão em torno de 9.500 de um universo que ultrapassa os 3 milhões de estudantes, ou seja, um número muito reduzido em relação ao total. Para consultar os locais onde a prova será reaplicada os estudantes podem acessar o endereço  http://sistemasenem2.inep.gov.br/localdeprova/ utilizando senha e CPF. 
Aos estudantes, boa sorte. Que o país continue avançando no sentido de assegurar a todas as pessoas o seu direito a uma Educação superior pública, gratuita e de qualidade - o que também é uma bandeira, desde antes da criação do 1º Ministério que se ocupou da Educação no Brasil, em 1930.

Conforme comentei neste blog em "Enem - uma análise necessária" (09/11), o MEC, desde o início, esteve certo. Equivocou-se a juíza do Ceará e perderam os analistas da imprensa comercial que apostaram na confusão, sentenciando de modo precipitado e suspeito o fracasso do ENEM. Fica a lição que meu avô já ensinava: Para dar uma opinião ou julgar um fato é preciso ter conhecimento de causa. Do contrário, ficar calado pode ser uma atitude inteligente. 

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